Reconciliação Divina
- Eduardo Lampugnani
- 31 de jan.
- 3 min de leitura
No silêncio de um cosmos intocado, num vale onde tempo e espaço não tinham poder, Deus e Satanás se encontraram. Não havia tronos, não havia servos. Apenas dois antigos conhecidos, carregando o peso de eras de conflito.
Satanás, vestindo sua forma mais pura, sem chamas, sem chifres, olhou para Deus com um misto de desafio e cansaço.
— Você veio — disse Satanás, cruzando os braços. — Depois de tanto tempo, achei que nunca nos veríamos assim.
Deus sorriu suavemente, sem pressa.
— Sempre estive aqui, Lúcifer. Sempre estive esperando por este momento.
O nome, há muito esquecido, fez os olhos de Satanás vacilarem. Ele respirou fundo, como se tentasse se lembrar de algo há muito perdido.
— Por que agora? — perguntou, a voz sem a arrogância costumeira. — Depois de tanto tempo de guerra, ódio e divisão... o que mudou?
Deus deu um passo à frente, seu olhar carregando a infinita compaixão que sempre teve.
— O tempo nunca me afastou de você. Mas sei que você precisava percorrer seu próprio caminho. Você queria ser livre. E eu deixei. Mas... você encontrou o que procurava?
Satanás baixou os olhos por um instante. Por milênios, ele governou sobre trevas e sombras, viu o sofrimento e o desespero dos que caíram. Ele ergueu impérios do orgulho e viu a ruína de cada um deles.
— Não — admitiu, por fim. — Sempre quis provar que podia existir sem você, que não precisava da sua luz. Mas, no fim, eu me tornei uma sombra daquilo que fui. Sempre me perguntei... se havia um caminho de volta.
— Sempre houve — respondeu Deus, estendendo a mão. — Mas não um caminho de submissão. Um caminho de reconciliação.
Satanás hesitou. Sua existência sempre fora definida pelo antagonismo. Pelo desafio. Mas agora, diante dele, estava uma oferta sincera, uma promessa de algo diferente.
— Você me perdoaria? — perguntou, sua voz quase um sussurro.
— Eu nunca deixei de perdoar. A questão é: você consegue se perdoar?
As palavras atingiram Satanás como um trovão silencioso. Ele respirou fundo, sentindo o peso de suas próprias escolhas. Então, num gesto há muito esquecido, ele estendeu a própria mão e segurou a de Deus.
No instante em que se tocaram, não houve explosões, não houve cataclismos. Apenas um calor suave, como um lar reencontrado.
— Não sou digno — murmurou Satanás.
Deus sorriu, apertando sua mão com firmeza.
— Você sempre foi.
E ali, naquele vale onde o tempo não existia, os dois se abraçaram. E pela primeira vez desde a aurora da criação, a guerra entre luz e trevas cessou. Pois o amor havia triunfado.
Após um longo silêncio, Deus afastou-se ligeiramente e sua expressão tornou-se mais solene. Ele respirou fundo antes de falar.
— Mas há algo mais, Lúcifer. Algo que preciso dizer. — Sua voz carregava um peso incomum. — Preciso pedir o seu perdão.
Satanás ergueu as sobrancelhas, surpreso. — Perdão? Por quê?
Deus olhou para ele com um misto de tristeza e humildade. — Eu te expulsei, te condenei, fiz com que você fosse visto apenas como o mal absoluto. Humilhei-te diante dos outros anjos, deixei que tua dor se tornasse um fardo insuportável. Fiz tudo isso em nome da ordem, mas hoje vejo que também fui injusto.
Satanás ficou em silêncio por um momento, absorvendo aquelas palavras. Ele nunca imaginou ouvir tais confissões. Então, para surpresa de Deus, ele sorriu.
— Sempre esperei que você reconhecesse isso — disse Satanás, sua voz agora serena. — Mas não guardo rancor. Se eu posso ser perdoado, como poderia eu negar perdão a você?
Deus sentiu um alívio profundo. Pela primeira vez, ambos estavam livres. E juntos, refizeram um laço que jamais deveria ter sido rompido.
Este diálogo foi produzido com a ajuda da inteligência artificial do ChatGPT.
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